Laudelindas Indicam: Filme Mad Max - Estrada da Fúria
Hoje temos início a uma coluna semanal chamada "Laudelindas
Indicam". Toda quinta-feira você vai encontrar dicas de filmes, livros,
artigos e o que mais houver de interessante, sempre pensando no nosso processo
de empoderamento e desconstrução de opressões.
Venha com a gente e se liga nessas dicas, depois a gente quer saber a
sua opinião sobre o material indicado!
Leia agora a resenha do filme "Mad Max", indicação da Luana
Nascif e Nayala Amorim.
Esperei ansiosamente para assistir este filme, e quando isso aconteceu
confesso que alguns detalhes me deixaram muito intrigada, outros, bem animada,
eu até me emocionei em uma cena. Pois bem, vamos começar.
O longa-metragem se passa em um período onde toda uma população
vive sob os mandos e desmandos de um regime ditatorial, onde os filhos da terra
se tornam homens da guerra. Toda a população composta por homens e mulheres
vive em total miséria. A escassez de água é um dos principais motivos que os deixam
presos aquele regime.
Começo a me intrigar bem no início, o filme começa contando a história
de MAX, uma atual “bolsa de sangue”, prisioneiro de guerra que em todo momento
tenta se libertar. Ok! Até aí tudo tranquilo, não esperava que o filme fosse
composto apenas por mulheres, mas o desenrolar da trama me deixa um tanto
incomodada.
FURIOSA, uma mulher que tem voz, aparentemente a única, em meio a uma
população onde o homem é a principal figura, o único detentor do poder. Ela é
aquele estereótipo de mulher que para ser ouvida precisa ter características ditas
masculinas: careca, manuseia muito bem uma arma, é forte e luta.
Sua passagem no filme começa quando ela, comandante de toda uma frota,
desvia o caminho de origem, transgredindo as ordens do rei, na intenção de
salvar as esposas do ditador, que vivem como prisioneiras.
Nossa, pensei logo em sororidade. Poxa!!! Furiosa, mulher,
forte, destemida, sai da sua zona de conforto e se arrisca de forma tão brava
pra salvar outras mulheres que vivem presas. Que fantástico! – Eu pensei. Mas nem é bem isso que acontece. A ideia é
super bacana, porém algumas falhas surgiram no decorrer do filme, por exemplo,
existiam outras mulheres no local e elas viviam em situação igual ou pior que as
fugitivas, entretanto elas não foram salvas. As únicas mulheres salvas
correspondiam a um padrão de beleza designado como “bonito”, e faziam jus ao estereótipo
de esposas\donzelas, todas as cinco. Já as mulheres que não foram salvas são
completamente fora desses padrões estabelecidos. Daí fica a pergunta, de fato
existiu sororidade? Pra quem? Nada é perfeito não é mesmo?!
O filme continua, até que o rei descobre o plano de fuga. É a
partir daí que o bicho pega e que o caldo começa a engrossar. Os homens mais
fortes são convocados pra resgatar as tão "amadas" esposas do rei e ao
som de um rock bem pesado, a perseguição começa.
Max volta pra história e também é convocado, como bolsa de sangue, para
a perseguição. Logo no início ele se liberta e simplesmente se torna o salvador
das meninas. Isso me incomodou bastante. Existe, de verdade, a necessidade de
associar a luta feminina, a luta da mulher por liberdade, a uma figura
masculina?
Furiosa, quatro das cinco ex-prisioneiras (uma morreu no meio do
caminho) e Max começam a procurar um esconderijo para as mulheres, depois de
sangrentas mortes, diversas dificuldades, elas e ele encontram um grupo de outras
ex-prisioneiras e descobrem que o esconderijo havia sido destruído, esse
momento me emocionou. Senti o mesmo sentimento de impotência, foi como se todo
o esforço de Furiosa tivesse sido em vão, como se tudo tivesse acabado naquele
momento. E é assim que me sinto todos os dias quando assisto o jornal e vejo
que mais uma foi morta, vítima de um crime passional ou quando uma companheira
é violentada/ assediada e a polícia não é devidamente preparada ou até mesmo
quando um homem me mira na rua como se eu fosse um pedaço de carne.
É como se eu tivesse chegado até determinado ponto e mais uma artimanha
do machismo, me desanima, me põe pra baixo. Sabem aquele sentimento de
impotência? Pois bem, esta cena me fez refletir o meu dever enquanto mulher
feminista.
A próxima cena me incomoda ainda mais, Max dá a ideia para que todas,
inclusive o novo grupo encontrado no meio do deserto, voltem para o reino e o
tomem, instaurando uma nova era. Caramba, outra vez ele dá a última palavra, a
salvação surge de uma atitude tomada por ele, pois ele é homem e uma mulher não
pode ser protagonista nem mesmo da sua própria luta.
As próximas cenas mostram o desenrolar da situação e elas dominam o
reino (depois de Furiosa quase morrer e ser salva por Max).
Enfim, por ter mortes, lutas e música pesada, confesso que assistir este
filme me agradou um bocado, mas se tratando de uma pessoa que possui o mínimo
de esclarecimento e que um simples longa pode ter um reflexo muito maior do que
se pode imaginar, alguns pontos dele me incomodaram. Aconselho que assi stam e tirem
suas próprias conclusões.
Apesar disso, acho importante esse filme para pensarmos que aos
poucos nós, enquanto mulheres, estamos conseguindo através de luta e de
resistência avançar. A prova disso, é que ha anos atrás era impensável termos
um filme com mulheres que ainda não protagonistas, mas que são mostradas a
parti
r de um olhar diferenciado, com maior participação. Além disso, o filme cabe várias interpretações, por isso o indicamos para que seja mais um elemento para que possamos analisar e discutir dentro da perspectiva feminista.
Essa foi a nossa critica ao filme Mad Max, e a sua, qual é? Assista o filme AQUI e depois conta pra gente!
Nayala Amorim |
Luana Nascif |
Luana Nascif é graduada em história pela UESC, foi coordenadora de assistência estudantil do DCE, e compõe o CFLCM.
Nayala Amorim é bacharelando interdisciplinar pela UFBA e atualmente cursa Ciências Sociais na UESC. Compõe o CFLCM.
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